Sobre empatia e frustração

Sobre empatia e frustração

No dia 24 de agosto é comemorado o dia da infância. Diferentemente do dia 12 de outubro (o dia da criança), o dia 24/08 propõe uma reflexão sobre as condições sociais, econômicas e educacionais em que as crianças vivem no mundo inteiro.

Como tenho destacado em textos anteriores, um mundo melhor inicia dentro das nossas casas, a partir da educação que oferecemos a nossos filhos.

Um futuro solidário, empático e pacífico depende dos cidadãos que estamos formando hoje.

E eu lanço um convite a você: a lembrar de tua própria infância, nas condições que foste criado e quais os reflexos (positivos e negativos) que isto trouxe a sua vida adulta.

Pense em como seus responsáveis lhe educavam, quais eram os seus cuidados, de que forma impunham limites? Algumas pessoas comentam: “sim, eu sofri, apanhei, passei necessidades, não tive carinho dos pais, mas não morri”. As pessoas não se dão por conta, que embora sejam pessoas do bem, sofrem de alguma forma por conta das marcas negativas deixadas ainda na infância.

O fato é que estamos impregnados de pré-conceitos que partem da nossa própria “criação” e  do senso comum, e sabemos que há muitos pais mais preocupados em parecerem bons pais para outras pessoas do que para seu próprio filho.

Quer um exemplo?

Birra, manha, chilique.

Talvez um dos comportamentos infantis que mais incomodem os pais sejam as birras. É perturbador escutar gritos e choros, principalmente em público, e em casos mais extremos, presenciar atitudes como chutes, se jogar no no chão, entre outras. É comum que esses ataques estejam acompanhados de sono, fome, ou cansaço e geralmente ocorrem logo após um desejo não ser atendido: não ganhar um brinquedo, não ficar um pouco mais brincando na areia, não poder comer mais um doce, e a lista assim vai.

Bem comum também o chilique da criança ser acompanhado por um chilique dos pais que não sabem como lidar esse tipo de situação, mas não querem passar vexame, ou o estresse da criança esbarra no seu próprio estresse.

Inteligência emocional. Falando assim, parece bem simples. Mas convido você adulto a fazer uma reflexão. Como você lida com suas frustrações?

Difícil pensar? Vamos criar um cenário hipotético:

Você trabalha duro por um mês, se esforça para concluir uma tarefa e consegue entregar o resultado com perfeição e no prazo solicitado. Está tão cansado que quer apenas a sexta-feira de folga, depois de tantas horas extras. Aí, ao conversar com seu gestor para folgar na sexta, ele informa que não será possível. Qual é a sua reação?

Teoricamente um adulto possui maturidade para lidar com as frustrações.

Você ensina com carinho seu filho a se alimentar, a caminhar, a se vestir, a ler, entre tantas outras coisas… E geralmente não é necessário bater, xingar, por de castigo para isso.

Então porque precisamos “dar um laço”, usar a via do medo e da humilhação para ensinar a nossos filhos a lidarem com suas frustrações?

Aprender a gerir as emoções faz parte do seu desenvolvimento.

Confesso que já passei muita vergonha com minha filha de 3 anos que não quis cumprimentar alguém, não emprestar um brinquedo, ou quando chorou no supermercado, e tantas outras atitudes de crise emocional.

Mas eu preferi enfrentar os olhares de reprovação dos outros e demonstrar empatia com quem é mais importante na minha vida: não humilhá-la em público e conversar logo depois que a raiva fosse diminuindo.

E é muito difícil. Eu sou da geração X: obedecer sem questionar, ser legal com todo mundo, mesmo que isso signifique não ser comigo mesma. Mas desconstruir esses conceitos é extremamente necessário.

E cada vez que minha pequena “apronta uma”, tento me colocar no lugar de uma criança de 3 anos que está a descobrir o mundo, a testar como as coisas funcionam, a entender o que pode ou não… Às vezes o fato de não achar um brinquedo é como se o mundo fosse acabar…

Assim como nós, os adultos, achamos que o mundo vai acabar ao perder um amor, um emprego, um amigo, a vontade também é de gritar, espernear, agredir, e tantas outras coisas. Mas como adultos maduros choramos, lamentamos a perda, ficamos furiosos com Deus e o mundo, mas no final das contas, buscamos um ombro amigo, um apoio e seguimos em frente. Identificou alguma coincidência com o que ocorre com seu filho? Pois é.

Então porque não oferecer esse apoio, acolher, dar colo, carinho a quem tão cedo está aprendendo a lidar com as perdas, com os limites, com frustrações.

Não significa conceder o que a criança quer, mas olhar nos olhos, dizer “eu entendo que você esteja triste e chateado, mas  não vai dar para atender a seu pedido nesse momento”. E tolerar a expressão desses sentimentos. Haja paciência! Sim… precisamos dela. “Vamos sair daqui, olha que legal aquela coisa, vamos para aquele cantinho até você se acalmar” entre outras alternativas não agressivas.

Amigo, vai por mim: prefira deixar uma boa impressão para seu filho antes do que para qualquer outra pessoa.

 

E por fim, quer dicas práticas para lidar com birras?

Então confira a sugestão o texto da coluna Educação dos Filhos do site Ig. Ele traz 12 dicas muito interessantes sobre como agir nessas situações.

http://delas.ig.com.br/filhos/educacao/12-dicas-praticas-para-lidar-com-a-birra/n1597588887145.html

 

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